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sábado, 1 de abril de 2023

OS POVOS QUE DERAM ORIGEM AOS PORTUGUESES


Ao longo de muitos séculos de história, foram várias as tribos que por aqui passaram. Descubra os povos que deram origem aos portugueses e como aqui chegaram.
Os livros de História, quando mencionam os antepassados dos portugueses, fazem referência sobretudo aos Lusitanos, à presença Romana e aos Mouros. No entanto, os povos que deram origem aos portugueses estão longe de ser apenas esses. Ainda antes dos Lusitanos, muitos povos habitaram o território que hoje corresponde a Portugal.
Alguns desses povos não deixaram vestígios e tudo o que sabemos sobre eles provem da leitura das crónicas históricas dos gregos e dos romanos. É o caso, por exemplo, dos Estrimníos, dos Sefes ou dos Cempsos, cuja história apenas pode ser conhecida através das crónicas do escritor latino Avieno, no século IV.
Note-se ainda que muitos povos são catalogados como pertencendo a tribos celtas falar de todos eles é uma tarefa complicada. Exemplo disso são os Tamagani, na zona de Chaves ou os Gróvios, na zona do Minho. E há ainda algumas surpresas, como os escravos negros que foram usados para povoar a zona do Sado ou os Franceses que vieram povoar algumas partes do Alentejo no século XII. Descubra os povos antepassados dos portugueses, que deram origem à nação que somos hoje.

Estrímnios


São dados como o primeiro povo nativo conhecido do território português, estendendo o seu domínio da Galiza ao Algarve. Dormiam no chão, alimentavam-se de carne de bode e pão feito de farinha de bolota e praticavam sacrifícios humanos.
Os Estrímnios foram praticamente exterminados pelos Sefes, tendo sobrevivido apenas alguns povoados dispersos pelo território que antigamente dominavam.

Sefes (ou Ofis)


A sua passagem enquanto força invasora está arqueologicamente bem documentada nas planícies alentejanas, pelo desaparecimento súbito de povoados na Serra de Huelva e nas margens do Guadiana e pela alteração do modelo de povoamento do Alentejo Central, com as povoações a procurarem locais mais altos para viver.
Fundaram uma cidade localizada na atual Evoramonte, Dipo, que sobreviveu até à época romana. Avançaram até às margens do Mondego, fundando Beuipo (Alcácer do Sal), Olisipo (Lisboa) e Colipo (Leiria).

Cempsos


Foram uma tribo que habitou o sudoeste da Península Ibérica, habitando a região do Cinético (Algarve). Viveram numa região chamada Cuneum Ager (“Campo Cónio”), sendo uma variante étnica dos cónios, com fortes influências lígures ou célticas. Apesar de tudo, estas hipóteses permanecem em aberto, pela falta de indícios significativos. Terão sido os cempsos a fundar Sesimbra.

Cónios


Eram os habitantes dos atuais Algarve e Baixo Alentejo antes do século VIII a.C, antes de serem integrados em território romano. A origem étnica dos Cónios permanece uma incógnita: poderão ter uma origem celta, proto-celta ou pré-céltica ibérica. Cronistas da antiguidade greco-romana enumeraram mais de 40 tribos ibéricas, entre as quais se contava a tribo cónia.

Draganos


A história e origem deste povo está envolta em mistério. Alguns historiadores afirmam que são descendentes da tribo italiana dos Lígures, que terão migrado para a Península Ibérica. Também se coloca a possibilidade de serem antepassados dos Vetões, que viriam a ocupar mais tarde o território que hoje corresponde à Beira Interior.
Uma das poucas certezas que se tem sobre os Draganos é que eles foram os responsáveis pela “cultura dos berrões”, que se caracteriza por estátuas de animais como javalis, lobos e ursos que ainda hoje podem ser encontradas em alguns locais de Trás-os-Montes e das Beiras.

Vetões


A sua cultura é muito semelhante à dos Draganos. Por isso mesmo, supõe-se que seriam descendentes destes últimos e que teriam migrado da Galícia e de Trás-os-Montes para a Beira Interior.

Túrdulos


Podemos dividir os Túrdulos em 2 povos distintos (que também habitaram 2 locais diferentes). Os Túrdulos originais viviam no Alentejo, ao longo do rio Guadiana, antes da chegada dos romanos à Península Ibérica. Alguns historiadores consideram que Túrdulos e Turdetanos seriam o mesmo povo, embora outras achem que eram dois povos diferentes, mas vizinhos.
Mais tarde, deram origem a um novo grupo, os chamados Túrdulos Velhos, que migraram para norte e se estabeleceram na zona que hoje corresponde à Beira Litoral. Juntamente com os Lusitanos e com os Galaicos, os Túrdulos Velhos lideraram a resistência às invasões romanas.

Turdetanos


Embora alguns historiadores considerem que eram o mesmo povo que os Túrdulos, existem evidências que poderá não ser exatamente assim. O geografo grego Estrabão considerava-os, por exemplo, como os habitantes mais cultos e civilizados da Península Ibérica. Para isso terá contribuído serem descendentes dos Tartessos, um povo culturalmente avançado para aquela época.
Exploravam minas de prata e cobre, faziam comércio com os povos vizinhos, produziam cerâmica de qualidade e tinham rituais funerários próprios (os seus mortos eram incinerados em vez de enterrados).

Lusitanos


Eram um povo celtibérico que viveu na parte ocidental da Península Ibérica. Os Lusitanos limitavam a Norte com os galaicos e astures, a sul com os béticos e a oeste com os celtiberos, na zona mais central da Hispânia Tarraconense.
A sua figura mais notável e conhecida foi Viriato, um dos líderes do combate aos romanos, que apenas foi derrotado quando foi assassinado à traição. As suas fronteiras não coincidiam com o atual território nacional, mas são uma das bases etnológicas dos portugueses do centro e sul, assim como dos habitantes da Estremadura espanhola.

Fenícios


Este povo de navegadores e comerciantes era originário do atual Líbano e da zona costeira da atual Síria. A abundância de peixe nas nossas costas despertou o interesse dos Fenícios, assim como a procura de metais como a prata, cobre e estanho.
Traziam produtos como tecidos, vidros, porcelanas e armas para fazerem as suas trocas comerciais. Fundaram as Feitorias (postos comerciais) no litoral, criaram o primeiro alfabeto e usaram o papiro para escreverem. Infelizmente, restam-nos poucos vestígios deste povo.

Gregos


Concorrentes comerciais dos Fenícios, chegaram à Península Ibérica depois destes e aqui fundaram diversas colónias, introduzindo a civilização helénica no Sul e Leste da Península.
Como vestígios da sua presença, deixaram a ânfora, vasos e moedas, assim como a noção de moeda, que começou a ser cunhada localmente. No entanto, esta prática apenas se tornou corrente nos restantes territórios da Península Ibérica em anos posteriores, sob a influência de Cartago.

Cartagineses


Descendentes dos Fenícios, dedicaram-se ao comércio de metais e à salga do peixe. A eles se atribuiu a fundação de Portimão e de outras colónias de pescadores na costa algarvia.
Para além de comerciantes, eram também grandes exploradores, com muitos historiadores a acreditarem que chegaram à Serra Leoa e ao Golfo da Guiné, embora não seja provável que tenham estabelecido rotas permanentes de comércio. Não se crê que tenham feito trocas comerciais para além de Marrocos.

Celtiberos


Segundo alguns autores, são o povo que resultou da fusão das culturas do povo Céltico e do povo Ibero, nativo da Península Ibérica. Não existe unanimidade entre os historiadores quanto à origem destes povos. Para outros autores, são um povo celta que adaptou os costumes e tradições iberas.
Seja como for, estavam organizados em gens, uma espécie de clã familiar que ligava as tribos autónomas numa espécie de federação. Resistiam bravamente aos invasores romanos até cerca de 133 a.C. Deste povo desenvolveram-se os Lusitanos.

Romanos


É um dos povos que mais heranças nos deixou, entre o latim, a numeração romana, pontes, aquedutos e cidades. A calçada portuguesa é também criação romana, povo que em muito desenvolveu a nossa agricultura com a cultura do azeite e do vinho. As próprias leis do mundo ocidental ainda hoje são influenciadas por este povo.

Suevos


Começaram por ser guerreiros e lavradores, e, mais tarde, tornaram-se conquistadores e alargaram o seu reino para sul, até ao Tejo. Converteram-se ao cristianismo por influência de S. Martinho de Dume e fundaram o Reino dos Suevos, com capital em Braga.
Segundo o historiador Dan Stanislawski, o Norte de Portugal tem ainda fortes influências suevas, com a prevalência de pequenos terrenos rurais, o arado quadrado, o espigueiro e nomes como Freamunde ou Guilhofrei, que evocam origens germânicas.

Visigodos


Chegaram à Península Ibérica em 416, fundando um reino e submetendo os suevos, dominado assim o território durante longos anos. O reino dos Visigodos era uma monarquia absoluta, com capital em Toledo. Regiam-se pelo Código Visigótico e tinham uma sociedade formada por clero, nobreza e povo.
A pouca arte visigótica que podemos admirar em Portugal está na ourivesaria e arquitetura, como a Capela de S. Frutuoso de Montélios, a Igreja de S. Pedro de Balsemão e a Igreja de S. Gião da Nazaré. Deixaram um importante legado jurídico.

Alanos


Os Alanos foram um povo de origem persa que migrou para diversas partes da Europa nos séculos IV e V. Após serem derrotados pelos Hunos, resolveram acompanhar os Suevos e os Vândalos numa migração que atravessou os Pirinéus e os conduziu até à Península Ibérica.
Estabeleceram-se na zona que correspondeu no passado ao território dos lusitanos, a Lusitânia, com capital em Pax Julia, a atual cidade de Beja. No entanto, não estiveram por cá muito tempo: foram derrotados em batalha pelos Visigodos e expulsos para o norte de África juntamente com os Vândalos.

Vândalos


Tal como os Alanos e os Suevos, migraram para a Península Ibérica no século V. Aqui dividiram-se em 2 grupos: no norte misturaram-se com os Suevos e formaram o reino com o mesmo nome, enquanto que a sul tinham o seu próprio reino, localizado na região que hoje corresponde à Andaluzia.
O seu destino foi em tudo semelhante ao dos Alanos: derrotados pelos Visigodos, fugiram para o Norte de África através do estreito de Gibraltar e aí fundaram um novo reino, que também viria a durar pouco tempo.

Judeus


Até à sua expulsão, no reinado de D. Manuel I, existiam muitos judeus no nosso país, com grande relevância e influência na sociedade. Muitos deles desempenharam importantes trabalhos relevantes para o sucesso das descobertas portuguesas, em áreas como a matemática, astronomia e cartografia.
Tomar e Coimbra são algumas das cidades com traços da arquitetura judaica do passado (como fontes). Na gastronomia, deixaram a sua marca na famosa alheira de Mirandela (Trás-os-Montes).

Muçulmanos


A presença muçulmana no nosso país durou 500 anos, pelo que é natural que tenham deixado inúmeras marcas. Temos mesmo diversos bairros atuais que preservam o mesmo aspecto do tempo dos muçulmanos (como a Mouraria e Alfama), assim como a sua influência nas casas tradicionais do Alentejo e Algarve.
Inventaram o tanque, a nora e os canais de rega, e trouxeram a oliveira, o limoeiro, a laranjeira, a abóbora, a cenoura, o arroz e a figueira. Na gastronomia, deixaram-nos o arroz doce, a aletria e o açúcar, entre outros. Hoje, quase todas as palavras portuguesas começadas por al- têm origem muçulmana.

Africanos


A zona do Sado foi povoada por escravos negros, existindo registos paroquiais e do Santo Ofício que mostram que, já no século XVI havia pessoas de cor negra a viver em terras de Alcácer.
A verdade é que, no século XVI, muitos portugueses embarcavam nas naus, o que agravava o défice demográfico existente. Por esta razão, os proprietários das férteis terras do Sado terão resolvido povoá-las com negros comprados no mercado de escravos.

Ciganos


Segundo alguns documentos, os ciganos encontram-se em Portugal há cerca de 500 anos, tendo vindo do Noroeste da Índia, fruto de um movimento migratório feito através de longas caminhadas, que originou a apropriação de culturas e línguas diferentes, mas com elementos em comum.
O primeiro grupo que chegou a Portugal, em meados do século XV, terá causado alguma estranheza, pela sua língua estranha, por se vestirem de forma considerada exótica e por terem hábitos e culturas diferentes.

Franceses


Em 1199, D. Sancho I, para além de doar a Herdade da Açafa à Ordem do Templo, anuncia a vinda de colonos franceses, que chegariam de forma faseada, para povoar o nosso território.
Estes colonos instalaram-se e ergueram habitações, fundando aglomerados populacionais a que deram o nome de origem das suas terras. Assim surgiram terras como Nisa, a “nova Nice”.



Fonte: VortexMag

quinta-feira, 30 de março de 2023

DOM PEDRO II

D. Pedro II, em retrato de Delfim da Câmara em 1875

COISAS QUE TALVEZ VOCÊ NÃO SABIA SOBRE
PEDRO DE ALCÂNTARA JOÃO CARLOS LEOPOLDO SALVADOR BIBIANO FRANCISCO XAVIER DE PAULA LEOCÁDIO MIGUEL GABRIEL RAFAEL GONZAGA.


CERTAMENTE SEU PROFESSOR DE HISTÓRIA NÃO

TE ENSINOU ISSO NA ESCOLA.


Santos Dumont almoçava 3 vezes por semana na casa da Princesa Isabel em Paris. 

A ideia do Cristo na montanha do Corcovado partiu da Princesa Isabel. 

A família imperial não tinha escravos. Todos os negros eram alforriados e assalariados, em todos os imóveis da família.

D. Pedro II tentou ao parlamento a abolição da escravatura desde 1848. Uma luta contra os poderosos fazendeiros por 40 anos. 

D. Pedro II falava 23 idiomas, sendo que 17 era fluente. 

A primeira tradução do clássico árabe “Mil e uma noites” foi feita por D. Pedro II, do árabe arcaico para o português do Brasil. 

D. Pedro II doava 50% de sua dotação anual para instituições de caridade e incentivos para educação com ênfase nas ciências e artes. 

D. Pedro Augusto Saxe-Coburgo era fã assumido de Chiquinha Gonzaga. 

Princesa Isabel recebia com bastante frequência amigos negros em seu palácio em Laranjeiras para saraus e pequenas festas. Um verdadeiro escândalo para época. 

Na casa de veraneio em Petrópolis, Princesa Isabel ajudava a esconder escravos fugidos e arrecadava numerários para alforriá-los. 

Os pequenos filhos da Princesa Isabel possuíam um jornalzinho que circulava em Petrópolis, um jornal totalmente abolicionista. 

D. Pedro II recebeu 14 mil votos na Filadélfia para a eleição Presidencial, devido sua popularidade, na época os eleitores podiam votar em qualquer pessoa nas eleições. 

Uma senhora milionária do Sul, inconformada com a derrota na guerra civil americana, propôs a Pedro II anexar o sul dos Estados Unidos ao Brasil, ele respondeu literalmente com dois “Never!” bem enfáticos. 

Pedro II fez um empréstimo pessoal a um banco europeu para comprar a fazenda que abrange hoje o Parque Nacional da Tijuca. Em uma época que ninguém pensava em ecologia ou desmatamento, Pedro II mandou reflorestar toda a grande fazenda de café com mata atlântica.

Quando D. Pedro II do Brasil subiu ao trono, em 1840, 92% da população brasileira era analfabeta.

Em seu último ano de reinado, em 1889, essa porcentagem era de 56%, devido ao seu grande incentivo a educação, a construção de faculdades e, principalmente, de inúmeras escolas que tinham como modelo o excelente Colégio Pedro II.

A Imperatriz Teresa Cristina cozinhava as próprias refeições diárias da família imperial apenas com a ajuda de uma empregada (paga com o salário de Pedro II).

(1880) O Brasil era a 4º economia do Mundo e o 9º maior Império da história.

(1860-1889) A média do crescimento econômico foi de 8,81% ao ano.

(1880) Eram 14 impostos, atualmente são 98.

(1850-1889) A média da inflação foi de 1,08% ao ano.

(1880) A moeda brasileira tinha o mesmo valor do dólar e da libra esterlina.

(1880) O Brasil tinha a segunda maior e melhor marinha do Mundo, perdendo apenas para a da Inglaterra.

(1860-1889) O Brasil foi o primeiro país da América Latina e o segundo no Mundo a ter ensino especial para deficientes auditivos e deficientes visuais.

(1880) O Brasil foi o maior construtor de estradas de ferro do Mundo, com mais de 26 mil km.

A imprensa era livre tanto para pregar o ideal republicano quanto para falar mal do nosso Imperador. "Diplomatas europeus e outros observadores estranhavam a liberdade dos jornais brasileiros" conta o historiador José Murilo de Carvalho. Mesmo diante desses ataques, D. Pedro II se colocava contra a censura.  "Imprensa se combate com imprensa", dizia.

O Maestro e Compositor Carlos Gomes, de “O Guarani” foi sustentado por Pedro II até atingir grande sucesso mundial.

Pedro II mandou acabar com a guarda chamada Dragões da Independência por achar desperdício de dinheiro público. Com a república a guarda voltou a existir.

Em 1887, Pedro II recebeu os diplomas honorários de Botânica e Astronomia pela Universidade de Cambridge.


Mas e você, sabe de alguma coisa sobre o último Imperador do Brasil que não esteja nessa lista? Se sabe, diz aí nos comentários.


segunda-feira, 20 de fevereiro de 2023

O TEMPO QUE FOGE...

Contei meus anos e descobri que terei menos tempo para viver daqui para a frente do que já vivi até agora. Tenho muito mais passado do que futuro. Sinto-me como aquele menino que recebeu uma bacia de cerejas. As primeiras, ele chupou displicente, mas percebendo que faltam poucas, rói o caroço.

Já não tenho tempo para lidar com mediocridades. Não quero estar em reuniões onde desfilam egos inflamados. Inquieto-me com invejosos tentando destruir quem eles admiram, cobiçando seus lugares, talentos e sorte.

Já não tenho tempo para conversas intermináveis, para discutir assuntos inúteis sobre vidas alheias que nem fazem parte da minha.

Já não tenho tempo para administrar melindres de pessoas idosas, que apesar da idade cronológica, são imaturos. Detesto pessoas que não debatem conteúdos, apenas os rótulos.

Meu tempo tornou-se escasso para debater rótulos. Quero a essência, minha alma tem pressa...

Eu quero viver ao lado de gente que sabe rir de seus tropeços, não se encanta com triunfos, não se considera eleita antes da hora, não foge de sua mortalidade.

Eu quero caminhar perto de coisas e pessoas de verdade.

Apenas o essencial faz a vida valer a pena. E para mim, basta o essencial!


Texto de Ricardo Gondim





quarta-feira, 15 de fevereiro de 2023

NO FUNDO DA GARRAFA

Certamente já reparou que na base das garrafas de vidro há uma extremidade côncava, uma característica curiosa e que não se repete nas garrafas que armazenam outros líquidos, como águas com gás, cervejas ou licores.

De facto, este pormenor tem servido vários fins ao longo da história, sendo que atualmente o propósito mais significativo seja armazenar os sedimentos que ao longo do tempo se criam no néctar, o chamado depósito.

No início, a forma foi propiciada pelo trabalho dos artesãos que trabalhavam o vidro num copo de sopro. Mais tarde, acreditava-se que ajudavam na integridade estrutural da garrafa, especialmente frágil por ser feita de vidro.

Grande parte destes fatores já não se verifica hoje, com as garrafas a serem produzidas por máquinas automáticas, ao mesmo tempo que o vidro é muito mais forte do que antigamente, lembra o site IFL Science.

Como tal, os especialistas atribuem o facto de o fundo curvo ter permanecido à utilidade no sentido de recolher os sedimentos, evitando que estes acabem no copo quando o vinho é vertido.

Tal questão nunca foi testada num estudo científico, pelo que é difícil apontar uma justificação precisa. De destacar que as tradições são sempre muito respeitadas na cultura vitivinícola, pelo que manter o fundo côncavo pode ser também uma forma de homenagear os antepassados.

Já no campo da utilidade, esta característica das garrafas de vinho também é muito elogiada pelos funcionários dos bares e restaurantes, que destacam a capacidade de ali descansarem o polegar.

Há ainda quem veja neste bocado de morfologia da garrafa uma forma de avaliar a qualidade do seu conteúdo. Em oposição, uma garrafa que tenha um fundo raso é vista, por alguns, como armazenando um vinho fraco.


Fonte: Zap Notícias



sexta-feira, 10 de fevereiro de 2023

HARMONIZAR VINHO COM COMIDA

Dicas sobre como escolher o vinho para cada prato

Porque beber vinho também é um ato de cultura, fazendo ele parte da gastronomia, ambos associados reforçam a sua identidade cultural. Nunca nos podemos esquecer, que a harmonia entre vinho e comida é parte obrigatória do prazer de estar à mesa.

Em termos gastronómico, o vinho é importante na cozinha, não apenas por ser parte integrante da refeição, mas também por ser um agente que realça os sabores da boa comida. Há muito se estabeleceram algumas regras, por todos conhecidas, que nos ditam que um prato de peixe deverá ser servido com vinho branco, que os mariscos pedem vinhos verdes ou brancos acídulos, que as carnes se fazem acompanhar por vinhos tintos e que com as sobremesas se deverão servir vinhos licorosos ou espumantes mais ou menos doces.

Nos vinhos brancos, o senso comum associa o seu consumo às refeições de peixe. Na maior parte dos casos é verdade, mas nem sempre. Por isso, nada de generalizações precipitadas, pois nos seus vários estilos, o vinho branco é uma bebida versátil, adequada às mais diversas refeições.

No que toca aos vinhos tintos, não são todos iguais, tal como os brancos, e, do mesmo modo, as carnes não são o seu único parceiro à mesa. Num vinho tinto, a idade pode ser um indicador do tipo de comida a que se destina, mas é um indicador muito falível. É que, consoante o ano de colheita, castas, produtor, etc., temos vinhos velhos cansados e outros poderosos; e vinhos novos ligeiros e suaves e outros encorpados e taninosos.

A regra de ouro é não haver regras rígidas: cada caso é um caso e importa conhecer em concreto o vinho que se escolhe para acompanhar determinado prato. À boa combinação entre um prato e um vinho chama-se harmonização, e, atualmente, novas tendências defendem que seja dado ao consumidor a liberdade para criar, na seleção do vinho para acompanhar a refeição. Dito isto, e nunca esquecendo que é fundamental a escolha do vinho em função do prato, é possível delinear um conjunto de orientações básicas que ajudarão a tirar o melhor partido dos vinhos e a valorizar a sua combinação com qualquer prato. Embora, uma harmonização não admita regras rígidas, existem orientações básicas que contribuem significativamente para o sucesso de uma refeição.

1. Conjugar comida ligeira com vinhos ligeiros e suaves, e comida pesada com vinhos pesados e fortes.

2. Numa refeição, o vinho branco vem antes do tinto, o vinho seco antes do doce, o vinho ligeiro antes do poderoso. Claro está que existem exceções (é o caso do foie-gras, servido no início da refeição com um branco doce), mas que não invalidam o princípio geral. Assim sendo, as sugestões abaixo costumam ser tradicionalmente aceites, mas de modo algum são obrigatórias.

Como aperitivo, o melhor é aquele que nos possa estimular o apetite para a refeição. Poderá ser um espumante bruto, um Madeira seco, um Porto branco seco ou, porque não, um vinho branco fresco e frutado, com o qual iremos continuar durante a refeição, até ao prato de carne.

Mariscos

Mariscos cozidos: Os mariscos cozidos vão bem com vinho branco leve, acídulo ou com vinho verde branco. Mariscos cozinhados de forma mais elaborada: Com mariscos grelhados, panados, com arroz, alho, cebola ou piri-piri (pimenta), gratinados ou cozinhados com gordura, ervas aromáticas, especiarias ou natas, requerem um vinho branco seco menos jovem, menos acídulo, eventualmente fermentado em madeira.

Peixes

Peixes delicados cozinhados na grelha: Os peixes cozidos ou grelhados, são beneficiados quando acompanhado por um vinho branco, um pouco acídulo, leve, frutado e vivo. Peixes gordos - Para pratos de peixes gordos, tais como atum, salmão, truta, cherne, garoupa, raia, etc., grelhados ou assados no forno, a escolha deve recair num vinho, um branco encorpado e intenso, eventualmente fermentado em madeira, denso e poderoso. Este tipo de vinho também se adequa muito bem a pratos de bacalhau.

Peixes fumados - Para o salmão, o espadarte ou o bacalhau fumado e, também, para acompanhar as ostras ou o caviar, recomenda-se a escolha de um bom espumante branco bruto.

Carnes

Carnes magras ou pouco temperadas: Para a vitela, o frango, as costeletas de borrego, principalmente quando grelhadas no carvão, deverão ser escolhidos vinhos tintos jovens, ligeiros e suaves. As carnes vermelhas necessitam de vinhos tintos encorpados, com "bouquet”. Exceção: O leitão assado no forno deverá sempre ter um espumante natural a acompanhá-lo.

Caça de pena: Para acompanhar aves de caça, principalmente as perdizes, escolha um vinho tinto intenso, com corpo e fruta, mas também já alguma evolução e complexidade.

Aves assadas no forno: Acompanham bem com brancos encorpados (fermentados em madeira) e, também, com um espumante branco bruto.

Estufados e assados pouco gordos: Com este tipo de pratos, pode optar por escolher tintos jovens, com corpo e aroma a fruta, de taninos redondos e macios na boca, ou um vinho mais velho, com taninos suaves, mas ainda alguma garra.

Carnes gordas ou pratos de sabor muito intenso: Para cozinhados com carnes de porco, cabrito ou borrego assado, lebre, receitas onde entrem enchidos diversos, deverá escolher tintos mais poderosos, com taninos e acidez capazes de aguentar a intensidade do prato.

Pastas

Com creme de leite ou suaves, combinam com vinho tinto suave, frutado. Quando muito condimentadas, necessitam de vinhos tintos encorpados, com "bouquet".

Saladas

Especialmente as de folhas verdes: combina com vinho tinto. Queijos de ovelha e de pasta mole: Escolha tintos jovens, intensos, de taninos redondos e macios, ou então brancos fermentados em madeira.

Queijos de cabra de sabor suave ou do tipo "chèvre": A escolha adequada não é um tinto, mas sim um branco jovem e cheio de fruta.

Doçaria acompanha bem com um vinho licoroso doce ou meio doce, conforme a sobremesa tenha mais ou menos açúcar na sua confecção, ou com um espumante doce. Exceção – Se os doces tiverem chocolate ou nozes nunca acompanhar com espumante. Como digestivo e para terminar a refeição deverá servir-se uma aguardente vínica ou bagaceira. Os espumantes vão bem com tudo - Está na moda, começar e acabar uma refeição sempre na mesma companhia: O espumante natural.

Acepipes

Acepipes, tapas, aperitivos. Qualquer que seja a designação, a função das entradinhas, do ponto de vista gastronómico, é estimular o apetite para a refeição que se segue. A escolha acertada do vinho visa despertar os sentidos para o prazer de a saborear. Ingredientes “perigosos” Nem sempre é fácil harmonizar alguns tipos de comida com a maioria dos vinhos. Estão neste caso os pratos que contêm ingredientes muito ácidos (limão, laranja, vinagre), muito aromáticos (cominhos, estragão, cravinho) ou muito doces. É preciso ter algum cuidado na utilização de certos ingredientes e condimentos, pois podem inibir a apreciação de um bom vinho. E eles são: Alho - Quando utilizado generosamente, afeta o vinho, anulando, com o seu cheiro intenso, o aroma delicado dos brancos e tornando os taninos dos tintos mais amargos e rudes. Vinagre - Dada a sua elevadíssima acidez, o vinagre não se deve usar em excesso. Os pratos tradicionalmente avinagrados, como os escabeches ou as cabidelas, irão sempre melhor com um vinho que tenha uma boa acidez, ou com um espumante bruto. Agriões - possuem ácido fórmico que, utilizado em quantidades elevadas, por vezes nas saladas ou como acompanhamento de pratos de carne estufada, o ácido mistura-se com os taninos dos tintos, potenciando a sua adstringência. Anchovas - Como aperitivo, muito utilizadas em canapés, são capazes de destruir qualquer vinho. Para acompanhar anchovas, sugere-se um vinho jovem e com boa acidez, por exemplo um rosé seco, ou um espumante bruto. Açúcar - É outro ingrediente que pode prejudicar o vinho. Por isso, para as sobremesas doces, há que escolher um vinho ainda mais doce, como um licoroso, por exemplo. Sal - A comida muito salgada intensifica os taninos dos tintos, tornando o vinho adstringente e duro.



quarta-feira, 8 de fevereiro de 2023

SANTOS DO PAU OCO

Entre o final do século XVII e o início do século XVIII, Portugal cobrava altos impostos sobre o ouro extraído em terras brasileiras. Desta forma, uma maneira que as pessoas encontraram para driblar a fiscalização da Coroa foi escondendo ouro em pó ou pedras preciosas dentro de imagens de santos esculpidas em madeira oca.

O país estava no auge da mineração e o ouro era um dos minerais mais explorados pelos mineradores da época. Acredita-se que a expressão teria nascido no estado de Minas Gerais. Os mineiros, para tentar escapar do "quinto", ou seja, o imposto de 20% que era cobrado na época pela Coroa Portuguesa sobre todos os metais preciosos que fossem garimpados em território brasileiro, fabricavam imagens de santos em madeira oca, para que pudessem ser recheados com ouro em pó e passar despercebidos pelos postos de fiscalização.



segunda-feira, 6 de fevereiro de 2023

MACARON, O DOCE DA RAINHA

 O Doce da Rainha

Macarons multi-coloridos
O macaron terá  500 anos ou mais. Existem distintas versões para o surgimento desta iguaria. A primeira diz-nos que eram produzidos por monges em alguns conventos franceses, a segunda versão refere que  se trata de um doce italiano levada  para França por Catarina de Médici. As duas teorias são aceitáveis, uma vez que as amêndoas constituíam a base da confeitaria europeia.. As amêndoas eram consumidas apenas nos conventos e castelos por se tratar de um produto nobre.

Catarina de Médici
Entre estas duas versões, a mais popular é a que refere que  o macaron saiu  da Itália no século XVI quando a rainha Catarina de  Médici se mudou  para França para se casar com Henrique  II.O "Doce da Rainha", como era designado , foi levado juntamente com a sua corte e a receita era mantida em segredo. O confeiteiro chefe da rainha confecionava os macarons para ocasiões especiais e assim o doce tornou-se popular entre os nobres franceses. Naquela época, o macaron era apenas um pequeno biscoito de amêndoas, a ideia de se adicionar um recheio veio muito tempo depois. 

François Rabelais foi o primeiro grande escritor francês a citá-lo em 1552.

Na Revolução Francesa em 1789, o clero e a nobreza perderam as  suas regalias e assim, algumas irmãs carmelitas da cidade de Nancy conheciam a receita e começaram a fabricá-los para vender. Elas ficaram conhecidas como "Irmãs Macarons" e até hoje, na cidade de Nancy. existem os macarons como eram produzidos naquela época.

No início do século XX, Pierre Desfontaines, fundador da Ladurée, teve a brilhante ideia de juntar as "coquies" ("bolachinhas") a um recheio cremoso e saboroso.Mais recentemente Pierre Hermé, famoso pasteleiro francês, criou os macarons que apreciamos hoje: crocantes  por fora e macios por dentro.

Quanto à origem da palavra macaron vem de "maccherone". Em  Itália, a palavra "maccherone" é usada para designar uma massa leve. Como o macaron era só um biscoitinho leve feito de amêndoas, açúcar e claras, então recebeu esse nome. Quando Catarina di Médici o levou para França, os franceses não sabiam pronunciar maccherone e afrancesaram o nome.


Fontes:  Fauchon  e  Google

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2023

FIM, O FIM

 O FIM


Todos sabiam que algum governo – ou governante, estava pronto para acionar, detonar, uma bomba atômica que teria o poder de aniquilar toda a humanidade e toda vida do planeta Terra. Só não sabíamos quando isso aconteceria, mas sabíamos que seria em breve.

Em verdade e em sigilo mental todos tinham a esperança e quase certeza de que ninguém no mundo seria capaz de tal ato. 

A cidade seguia seu ritmo. A maioria das pessoas sequer se lembrava desta possibilidade. Como tantas outras coisas alardeadas nos últimos tempos, essa talvez fosse só mais uma especulação ou, como está em voga se dizer, mais uma fake news.

As pessoas caminhavam pelas calçadas, apressadas como sempre, rumo ao trabalho ou ao restaurante mais próximo, pois era perto da hora do almoço.

Eu andava devagar. Afinal, não estava trabalhando na altura e não tinha compromisso algum. Meu ar de despreocupado podia enganar a quem me observasse, mas dentro da minha cabeça não saia a ideia de tudo terminar. O pensamento de uma explosão atômica e suas consequências dominavam meus pensamentos. Na verdade, eu parecia ser a única pessoa naquela cidade que se lembrava disso.

Eu caminhava pela calçada e do outro lado da rua, depois dos carros que passavam por ela a toda velocidade, havia uma praça com muitas árvores, bancos de jardim e flores de variadas espécies e alguns pequenos animais e aves. Algumas pessoas transitavam pela praça, pelos caminhos em terra. Provavelmente feitos assim propositalmente para transparecer um ambiente rural, ou rústico.

Eu estava há poucos metros da esquina, ainda decidindo se aproveitava o sinal vermelho para passar para o outro lado da rua e caminhar um pouco pela praça. Foi quando institivamente, olhei a frente. Olhei para aonde a rua – sempre muito movimentada e sob a minha vista, terminava.

Escutei um estrondo abafado, como o de uma explosão controlada. Levantei a cabeça - meu olhar, e pude ver no céu uma forma esférica, com o centro escuro o qual ia clareando conforme chegava-se as bordas. Algo que fazia lembrar um girassol, porém com cores bem mais sombrias.

Esta forma esférica já estava lá havia alguns segundos, pois como todos sabemos, a velocidade da luz é muito superior à velocidade do som. Apenas ninguém havia percebido ou dado importância sua presença.

O núcleo dessa forma começava cinzento e ia, aos poucos, ficando mais escuro – quase preto. Depois abria-se em forma de raios, à medida que ia clareando ao ponto de que nas extremidades desses raios, ia ficando amarelado. Era uma imagem opaca, sem muita nitidez.

Todos na rua, nos carros, no comercio, na praça pararam – estáticos, para tentar entender o que estava acontecendo. Mesmo que já soubessem, estavam incrédulos. Seria mesmo possível “alguém” ser capaz de acabar com a humanidade?

Seguiu-se uma correria alucinada, para todos os lados. As pessoas pareciam não saber ao certo para qual lado ir. Estavam desnorteadas e apavoradas com o que viam no céu. Algumas ficaram estáticas, como tentando entender ou acreditar no que via.

Carros foram abandonados nas ruas com as portas abertas, sem motoristas ou passageiros no seu interior. Tudo parou e ao mesmo tempo, fez-se o caos. Ninguém mais tinha pressa para chegar ao trabalho ou para almoçar. Apenas fugiam de algo que desconheciam, ou não queriam acreditar que tal acontecimento fosse possível e chegara.

Eu, depois de alguns minutos parado a observar aquela hipnotizante esfera colorida, corri – como todos, para “qualquer lado”. Quando percebi, estava numa avenida larga, com várias faixas de rolamento.

Alguém, atras de mim, gritou: - O que é isso?

Eu, com o corpo ainda voltado para frente, parei por um instante apenas para volver a cabeça para trás e perceber que se tratava de um homem de meia idade, nem gordo nem magro, com um bigode bem tratado, roupas boas, porém simples; calça e camisa de manga comprida, ambos em tons beges. Me limitei somente a responder: é a bomba!

Respondi com uma tranquilidade e certeza como se soubesse que isso iria acontecer naquele dia e naquele momento. 

Imediatamente voltei a correr na direção onde, a minha frente, estava um viaduto, na inocente e inútil esperança de me salvar. No fundo eu sabia de que nada adiantaria.

Antes mesmo de chegar embaixo da tal ponte, uma chuva de fagulhas prateadas – algo parecido com fogos de artifício, caiam do céu; como uma chuva de prata. Ninguém podia escapar da tal chuva, apesar de todos tentarem de alguma forma, proteger-se embaixo das marquises, árvores, jornais sob a cabeça e alguns guarda-chuvas. Inutilmente.

Quando cheguei embaixo da ponte; que era alta e de aparência fosca e cinzenta; como deveria ser, afinal era feita toda de concreto armado, parei para observar as pessoas a correr e apreciar as centelhas a cair.

Falsamente protegido da chuva de fagulhas ou de qualquer outro efeito da explosão, olhava as fagulhas caírem lentamente, como em câmara lenta.

Cada fagulha parecia destinada a uma pessoa. Tive a impressão de que cada uma das pessoas que corriam alucinadas de um lado para outro, tinha sua própria faísca. As pessoas eram como imãs que atraiam as fagulhas. Mas isso foi apenas a minha impressão, pois as partículas luminosas e cinzentas não tinham qualquer alvo; ou melhor, todos e tudo era um potencial alvo.

Fiquei embaixo do viaduto com mais algumas pessoas. Outras passavam correndo por nós, em todas as direções. Umas gritavam, outras choravam, outras chamavam o nome de familiares. Tudo em vão. Em meio ao caos e medo, ninguém ouvia.

Embaixo da ponte vi a espécie humana e tudo que tinha vida ser aos poucos, exterminada. 

Ali fiquei, em pé, assistindo o fim. Na certeza de que o Planeta seguiria em frente por mais alguns milhares de anos, sem seres humanos ou animais. Machucado e mal tratado, mas vivo.







segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

BOM DEMAIS PODER VIVER EM PAZ



Por Marcial Salaverry


Para que se possa viver em paz, é importante saber empregar
convenientemente a tão propalada "Política de Boa Vizinhança”, o que nem
sempre é possível fazer, pois é algo que implica em ter que abrir mão de
algumas coisas que por vezes são importantes para nós, em benefício de um
bem-estar geral, e nem sempre estamos dispostos a tanto. Nem sempre o que é bom para nós será bom para os demais, e vice-versa...

Tantas coisas acontecem no mundo, justamente por faltar esse rasgo de boa
vontade em alguns governantes. É fácil ver pelo noticiário que é mais comum
uma briga entre vizinhos, do que entre pessoas ou povos distantes. Quantas
Guerras de Fronteiras temos espalhadas pelo mundo, muitas vezes
provocadas apenas por má vontade de alguém que não quer ceder um milímetro sequer.

E que dizer das famosas disputas por alguns centímetros a mais de terra que vemos pelo interior.
E para estacionar um carro? Quantas vezes brigamos por uma vaga, quando
rodando um pouco mais poderíamos encontrar um lugar, talvez melhor.

Certa feita, na cidade de Águas de Lindoia, São Paulo, Brasil, quando me
preparava para estacionar o carro no local mais próximo de meu hotel, um
sujeito “demais esperto” ocupou aquela vaga. Ao invés de discutir, suspirei fundo, e fui estacionar mais adiante, não sem antes duvidar seriamente sobre a honorabilidade da progenitora do individuo em questão, que além de tomar a frente, ainda deu uma risadinha irónica quando saiu do carro.  Durante a tarde, despencou um violento temporal sobre a cidade, inundando toda a região próxima ao lago, e o carro que ocupou minha vaga, estava submerso, e o meu, lépido e fagueiro a salvo da inundação. Ganhei por não ter brigado, e exigido aquela vaga, mostrando que por vezes, perder é ganhar... Juro que me deu vontade de procurar aquele cidadão, e agradecer sua indelicadeza...

Certamente esse é um tema bem abrangente, pois envolve de uma maneira
geral todos os que estão próximos de alguém, pode ser algum de nossos
vizinhos de rua, ou um de nossos colegas de Academia, de trabalho, de
botequim, enfim tudo o represente proximidade pessoal.

Claro que os amigos internautas estão nesse pacote.  Embora nem sempre
exista contato pessoal, essa política de boa vizinhança deve ser sempre
observada, e todos devemos respeitar os direitos de todos, principalmente,
os direitos autorais, seja de escritores, seja de web designers, por exemplo. Nunca devemos trocar e nem mesmo omitir o nome do autor de um
trabalho. Vamos respeitar o direito autoral, fazendo assim nossa parte no
que implica ser política de boa vizinhança “internetária”. Respeito é bom, e
todos gostam.

Basicamente em todos os casos citados, o que sempre deve imperar é o
chamado direito de ir e vir, que é privilégio de todos nós.  Claro, sempre
deve haver alguns limites nisso, pois não há nenhum sentido em tomar certas
atitudes que sabemos irão incomodar alguém.

É o caso daquele amigo que chega dizendo: Pô amigo, eu sei que você vai se
chatear, mas eu tenho que lhe dizer... ora bolas, se sabe que o infeliz
vai se chatear, por que cargas d'água tem que lhe dizer aquilo? Vamos
respeitar o ... bem, o amigo.

Existe uma pequena coisinha que jamais me cansarei de repetir, que é o
principal fator a ser observado no relacionamento entre pessoas: "O meu
direito termina onde começa o seu, e o seu onde começa o meu." Procurando
agir nesses parâmetros, não teremos problemas, pois os limites são
mantidos.

Devemos sempre ter o bom senso para observar nossos limites.  Para que
"pisar nos calos" de alguém gratuitamente? Existem pessoas que adoram ver o
circo pegar fogo, e estão sempre invadindo território alheio e isso,
convenhamos, é muito desagradável.




terça-feira, 29 de novembro de 2022

HOLANDA OU PAISES BAIXOS?

Não, os Países Baixos e a Holanda não são a mesma coisa!


Os Países Baixos é um país composto de 12 províncias, enquanto a Holanda são 2 províncias do país.

Amsterdam é a maior cidade da Holanda do Norte, enquanto Rotterdam é a maior cidade da Holanda do Sul, embora suas respectivas capitais sejam Haarlem e Haia.

O nome "Países Baixos" é devido a boa parte do país estar abaixo do nível do mar.

Em inglês chama-se "Netherlands" que vem do prefixo "nether" que significa "baixo" em neerlandês e "lands" significa região.

Em inglês, os moradores dos Países Baixos chamam-se de Dutch, uma palavra vinda do inglês antigo que significa "habitante".

Era antes utilizada para referir-se tanto aos neerlandeses quanto aos alemães.

Em alemão, a palavra foi mantida, sendo por isso hoje a Alemanha chamada de "Deutschland" em alemão.

Portanto, referir-se a Holanda como Países Baixos, seria como referir-se a Inglaterra como Grã-Bretanha, ou até mesmo, Minas Gerais como o Brasil.

Em todo caso, neerlandeses estão acostumados com essa confusão.

Recentemente, o governo iniciou uma campanha de diferenciação geográfica pois outras províncias acabavam ofuscadas pela Holanda.

Essa confusão é antiga: entre 1581 e 1795, a região chamava-se República das Sete Províncias Unidas dos Países Baixos, funcionando como cidades-estado com maior autonomia.

Amsterdam, junto à Roterdão, tornaram-se os principais centros financeiros e econômicos dos Países Baixos, com os portos mais importantes para o Mar Báltico e para o norte da Europa.

O império colonial neerlandês expandiu-se para todas as regiões do mundo: América do Sul, do Norte, África e Ásia.

Quando questionados pelos nativos de onde vinham, marinheiros neerlandeses normalmente respondiam "Holanda do Norte" ou "Holanda do Sul", cunhando a ideia de que a Holanda era uma nação só, dividida entre sul e norte.

Apenas em 1815, o país de fato tornou-se o Reino Unido dos Países Baixos.